DESAPARECIMENTOS EM LUZIÂNIA - ‘Eu não consigo parar de matar’

DESAPARECIMENTOS EM LUZIÂNIA - ‘Eu não consigo parar de matar’

Com a fala bastante confusa e sem cronologia, ora atribuindo motivos diferentes aos crimes, ora misturando as duas versões apresentadas, o pedreiro Adimar de Jesus Silva, de 40 anos, preso na sexta-feira acusado de matar os seis adolescentes de Luziânia, reafirmou ter sido o autor dos assassinatos, mas diz ter agido sob influência de um dos jovens (que não identificou), que teria encomendado as mortes ao custo de R$ 5 mil, e de um “espírito maligno”.

Duas das seis vítimas teriam sido abordadas e mortas logo após Adimar ter saído da igreja que frequentava em Luziânia. Em vários momentos de sua fala, afirmou que um espírito maligno “fazia sua cabeça” para matar. Disse ter sido perseguido por esses espíritos e que foi forçado a matar. “Não consigo parar de matar. Preciso de ajuda para parar com essas coisas”, afirmou.

Adimar contou que teria sido aliciado por um dos adolescentes, a quem chamou apenas de Zé, que teria envolvimento com drogas e o teria contratado para executar o primeiro jovem por causa de dívidas. A primeira vítima foi Diego Alves Rodrigues, de 13 anos, assassinado no dia 30 de dezembro de 2009.

Em outro momento, o pedreiro afirmou que teria sido convidado para fazer sexo com um dos adolescentes e que o ato seria filmado para ser vendido para uma pessoa identificada como pastor, que repassava as imagens pela internet. Para isso, receberia os R$ 5 mil.

Adimar afirmou ter mantido relações sexuais com duas das seis vítimas. Ele as atraía até o local do crime, oferecendo drogas. Lá, disse, atacava os adolescentes com pauladas até a morte. Depois abria, com paus e o pé, as covas em que seriam enterrados. A primeira cova teria sido aberta com uma enxada, que ele mesmo levara ao local (veja quadro).

Em pelo menos um dos casos, Adimar teria usado um enxadão para matar a vítima. Em alguns momentos, admitiu ter matado um dos adolescentes com um martelo. Ele também afirmou que contou com a ajuda de Zé em pelo menos um dos assassinatos. Zé é uma das vítimas do pedreiro e teria sido morto porque não pagou o dinheiro prometido pelas execuções.

Adimar não sabe dizer quem matou primeiro. Confunde os motivos dos assassinatos, bem como a ordem das execuções e os nomes dos adolescentes. Durante a tarde, no depoimento a integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito da Pedofilia, ele confessou que teve relação sexual com todas as vítimas e que executou-as com enxadão (veja na página 3).

O pedreiro afirmou que teria se recusado a gravar a relação sexual com um dos adolescentes, material que seria vendido. No entanto, teria dito à Polícia Civil que quebrou o chip de um telefone celular, dado de presente a um sobrinho, por conter imagens do ato sexual. Um dos adolescentes teria sido morto pelo acusado por ter ameaçar denunciá-lo à polícia.

O pedreiro iniciou a sequência de crimes apenas uma semana após ter saído da prisão, em Brasília, onde cumpriu quatro anos de pena por atentado violento ao pudor (hoje crime de estupro) contra dois meninos, em 2004. Ele foi condenado a 14 anos de detenção, mas foi beneficiado com a progressão de pena e solto, mesmo havendo um laudo psiquiátrico que recomendava que fosse tratado, por apresentar sinais de psicopatia (leia reportagem na página 3).

Apesar de confuso, o pedreiro não se alterou ao falar, mesmo quando questionado sobre sua sexualidade e detalhes dos homicídios. Adimar contou que foi estuprado, aos 36 anos, em Brasília. O crime teria sido cometido por “maconheiros encapuzados”. Na ocasião, além da violência sexual, ele teria sido agredido fisicamente e tido parte da língua cortada - a delegada Renata Chein, titular da Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos, onde ele está preso, confirmou que o pedreiro tem cicatrizes na língua.

Adimar negou ser homossexual, mas admitiu ter mantido relações com meninos. Ele afirmou que apenas duas das vítimas teriam resistido e entrado em luta corporal com ele que, ao se desvencilhar, desferiu as pauladas fatais. Os adolescentes, segundo Adimar, eram atraídos com a promessas de drogas e iam ao local do crime sem serem forçados, a pé ou de bicicleta. Contudo, a Polícia Civil havia informado anteriormente que a maioria dos adolescentes não tinha histórico de problemas com a polícia.

Adimar disse ter medo de morrer e pediu para ficar preso em Goiânia. Ele afirmou ainda que pretendia se entregar à polícia. Ao ser preso, almoçava na casa da irmã, onde morava desde que saiu da prisão em Brasília. Havia chegado há pouco tempo do Distrito Federal, onde tinha ido doar sangue pela segunda vez na vida.

Adimar contou que dois adolescentes envolvidos em toda a trama estão vivos e que eles o teriam procurado em sua casa, roubado um som e o ameaçado de morte. Um deles estaria armado. Porém, ontem à noite, o delegado Juracy José Pereira, que preside o inquérito, afirmou à TV Anhanguera que não acredita na hipótese de participação de outras pessoas no crime.

Adimar contou que chegou a tentar se matar, quando viu pela imprensa o sofrimento das famílias das vítimas. Afirmou que após as mortes não sabia o que tinha acontecido e que “achava que eles estavam vivos”.

“Preciso de ajuda para parar com essas coisas.”

“Eu oferecia drogas e matava eles a pauladas.”

“Fui estuprado por maconheiros encapuzados.”
Adimar José da Silva, assassino confesso dos seis adolescentes de Luziânia

Fonte: O Popular

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